Índios usam drones para ajudar proteger a Amazônia
A ONG WWF International e grupos que defendem os direitos indígenas treinaram algumas tribos da floresta amazônica para usar drones como mais uma ferramenta para ajudar a proteger um dos biomas mais importantes do mundo, que está sob constante ameaça.
O treinamento começou em dezembro do ano passado e um mês depois já mostrava seu primeiro resultado: usando drones, índios da tribo Uru Eu Wau Wau, de Rondônia, descobriram uma área de cerca de 200 hectares sendo desmatada em sua reserva e acionaram as autoridades
Como os índios conhecem bem a floresta, a ideia é que, com os drones, eles possam ajudar a identificar, registrar evidências de desmatamento, incêndios e relatar às autoridades atividades madeireiras suspeitas ou ilegais, bem como a presença de grileiros.
Para colocar a ideia em prática, o WWF se uniu à Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, uma organização da sociedade civil composta por biólogos, silvicultores, cartógrafos, antropólogos, especialistas em saúde e tecnologia da informação e jornalistas. Especialistas das duas entidades ensinaram, então, cinco tribos a operar os drones.
Conhecimento ancestral
Com as maquininhas voadoras os índios foram capazes de criar imagens de alta resolução, vídeo e coordenadas GPS de locais de exploração madeireira, castanheiras – que é uma fonte de renda importante para os índios – e habitat principal para espécies vulneráveis como a águia real, um pássaro sagrado para o povo Uru Eu Wau.
Felipe Spina Avino, analista de conservação sênior do WWF-Brasil que ajudou a organizar e executar o programa de treinamento para usar os drones, a tecnologia é surpreendentemente bem aceita pelos grupos indígenas. E dá aos índios, conforme o especialista, maior capacidade de utilizar seu conhecimento ancestral sobre a floresta para protegê-la de madeireiros.
A extração ilegal de madeira é uma das principais causas da onda de incêndios florestais que tomou conta da Amazônia nos últimos meses, uma vez que os pecuaristas queimam a floresta para abrir caminho para pastagens.
Custo médio
“Eles podem compilar um caso com muitas evidências para enviar às autoridades, que terão muito mais pressão e muito mais recursos para agir sobre as atividades ilegais que estão ocorrendo”, explicou Felipe Spina em entrevista recente ao canal de TV CNN.
De acordo com as entidades envolvidas no projeto, o custo médio para a compra dos drones e para o treinamento dos índios é de 2 mil dólares (aproximadamente R$ 11 mil), o que é considerado um valor muito pequeno pelo benefício que ele pode proporcionar às tribos indígenas da Amazônia, bem como para a floresta.
Abaixo, um vídeo da WWF mostra como os índios estão usando os drones para ajudar a preservar a Floresta Amazônica.
Fontes: Boas Novas MG