Livro infantil conta a história do brasiliense prodígio do bandolim Ian Coury
Jovem bandolinista com turnês pelos Estados Unidos, Ian Coury, 19 anos, teve a história de vida com o instrumento musical contada no livro O menino do bandolim, do escritor José Carlos Peliano. “A chegada deste livro foi um divisor de águas para mim, porque amadureceu o meu trabalho”, conta o jovem.
Desde os oito anos de idade, quando ganhou o primeiro bandolim, Ian Coury passou a frequentar rodas de choro. Para registrar a história do rapaz, o escritor e amigo da família José Carlos Peliano, 72, desenvolveu um livro infantil. A obra O menino do bandolim tem 32 páginas de ilustrações que relatam a relação do rapaz com o instrumento musical e as apresentações, como o Clube do Choro de Brasília e em um show de Armandinho Macedo, em 2009.
Apesar da rotina de estudos no colégio, não deixou de focar nas aulas da Escola de Música de Brasília (EMB), onde começou o aprendizado logo que ganhou bandolim. Aos 11 anos, ele subiu ao palco com Hamilton de Holanda, seu ídolo e grande incentivador. Aos 12, fez seu primeiro show solo no Clube do Choro de Brasília, com a casa lotada. A obra sobre a história de Ian conta com prefácio do guitarrista Nelson Farias, produção de Cláudia Coury e introdução do bandolinista Armandinho Macêdo. “A gente sempre teve essa vontade de poder mostrar o bandolim e o choro para as crianças, porque é muito difícil o acesso a essa arte e não é qualquer lugar em que você encontra”, explica o músico.
Ian conta que, em 2017, visitou oito escolas públicas do Distrito Federal para tocar e apresentar o bandolim para crianças e jovens de 8 a 18 anos. A iniciativa ocorreu por meio do projeto Ian Coury Circulação, apoiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). “Se formos mudar alguma coisa na educação, temos que mudar na base, e mostrar para as crianças terem essa noção do que é a música. Toquei choro nas escolas, que foi o primeiro estilo musical criado no Brasil, e fiquei surpreso com a aceitação dos jovens. O projeto abriu muito o meu coração”, destaca.
Apesar de ter 19 anos, Ian e seu bandolim já têm uma trajetória de sucesso em shows ao redor do mundo. Ele fez três turnês pelos Estados Unidos, uma em 2017 e duas em 2018, onde percorreu várias cidades, entre elas Boston, Chicago e Denver. Antes, em 2014, Ian foi celebrado pela Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura com o prêmio de Mérito Artístico e Cultural, quando tinha 13 anos. Em 2016, recebeu a Moção de Louvor pelo Dia do Músico, entregue pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
“Não teve um fato exato que mudou minha vida, foram pequenos acontecimentos que se tornaram muito importantes. Desde as turnês em várias cidades dos Estados Unidos até quando toquei com os meus ídolos, Armandinho Macedo e Hamilton de Holanda, até o curso que estou fazendo, agora, na Berklee College of Music, da Universidade de Boston (EUA). Foi um presente do José Carlos Peliano, escritor amigo da família que contou a minha história de uma maneira lúdica. Ele queria muito que a obra tivesse um cunho educacional de incentivar as crianças a correrem atrás dos seus sonhos”, comenta Ian.
Em todas as formações que Ian se apresenta, seja solo, dueto, trio ou quarteto, ele toca estilos musicais variados: choro, bossa-nova, MPB e jazz. O jovem interpreta composições autorais e releituras, reverenciando mestres como Toninho Horta e Paquito D’Rivera. “Sempre busco passar o melhor do choro que aprendi com os meus ídolos na música, como o Hamilton e o Armandinho, que sempre tive contato desde pequeno. Os jovens precisam ter esse acesso, e eu me sinto muito feliz em poder ter um livro com essa temática educativa”, finaliza Ian Coury.
Autor
Escritor do livro, José Carlos Peliano é amigo da família desde os anos 80 e tem outras obras publicadas. Ele lembra como foi o processo de desenvolvimento da obra. “Os pais do Ian me pediram para escrever a história dele, em forma de narrativa. Eles iam me falando as coisas, e eu pegava as informações mais importantes e ia elaborando a narrativa. As ilustrações foram feitas pelo estúdio Fábula. Eles (Ian e os pais) conversaram com o estúdio e foram elaborando (os desenhos) a partir da narrativa feita por mim”, descreve o autor que mora em Juiz de Fora (MG).
José destaca que a obra ressalta justamente a história de Ian, que é retratado como um menino que, desde pequeno, gostava de música. “Ele frequentava as rodas de choro onde participavam os amigos do pai, que tocava tambor e elementos de percussão. Ele acompanhava e gostava daquilo e assim foi se desenvolvendo, porque isso é raro em crianças. Isso chama a atenção, porque o livro tem o objetivo de ajudar crianças como ele, que têm interesse em música, para que sejam apoiadas pelos pais”, analisa o escritor.
“Em muitos momentos, ele deixou de brincar com os amigos para estudar, escutar, aprender e ler sobre música. Mas, nem por isso, não deixou de ser um ótimo aluno na escola. Agora, ele se prepara para estudar no exterior, fazendo um curso on-line em uma universidade americana, fazendo mestrado em música”, frisa José Carlos.
Na segunda-feira, Peliano recebeu menção honrosa na categoria contos, no Prêmio Alan Viggiano de Literatura, do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (Sindescritores-DF). Ele ficou em 9º lugar com a obra Fuzuê — O lago que para no ar. Luiz Carlos é membro da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Amed) e Associação Nacional dos Escritores (ANE).
O menino do bandolim
História da vida musical de Ian Coury
Páginas: 32
Preço: R$ 45
Escritor: José Carlos Peliano
Editora: Editora Patuá (SP)
Contato: (61) 9 9202-2953
Fonte: Correio Braziliense