Startup britânica Arqit vai oferecer chaves de criptografia quântica em 2023
A startup britânica Arqit anunciou que passará a oferecer chaves de criptografia por meio de distribuição quântica (QKD) a partir de 2023. O modelo é tido como uma tecnologia “impossível de hackear”, devido à natureza de sua composição.
A técnica de QKD é uma forma de assegurar que a comunicação entre duas partes seja totalmente inviolável, usando as propriedades quânticas dos fótons, as partículas essenciais da luz.
Com elas, é possível criptografar chaves e cifras de acesso para serem compartilhadas. A natureza “inhackeável” se dá pelo fato de qualquer tentativa de invadir, ou mesmo observar tal comunicação, altera a natureza dos fótons, consequentemente destruindo as chaves secretas.
Essa técnica, inclusive, já vem sendo usada há algum tempo por provedores de fibra óptica no trânsito de dados a curta distância – aproximadamente 96,5 quilômetros (km) – já que o sinal não é constante e, conforme progride além desse caminho, tem sua intensidade reduzida. A própria Arqit tem acordos dessa linha assinados com empresas como a Northrop Grumman e a gigante britânica das telecomunicações, BT Group.
“O problema da fibra óptica é que, acima de 300 km, ainda é possível transmitir alguma informação quântica, mas apenas em quantidades inferiores a um bit por segundo”, disse David Williams, chairman e fundador da Arqit, em entrevista ao Space.
“Em um mundo onde o padrão é o megabit por segundo, essa não é uma velocidade prática. A fim de promover o QKD em escala global, a única solução viável é o uso de satélites”.
Segundo comunicado da Arqit, a ideia é que a empresa lance dois satélites dedicados à distribuição de chaves de criptografia quântica, contratando os serviços da Virgin Galactic, a empresa espacial de Richard Branson, para transporte. Isso porque, no vácuo do espaço, fótons conseguem viajar centenas de quilômetros de distância sem degradação de sinal.
A Arqit alega estar “muito à frente do resto do mundo” neste mercado: a empresa disse que os satélites de 2023 serão apenas parte de uma solução maior, que também envolverá um software específico – já aplicado por ela em caráter regional – que permite o envio de dados não confiáveis como dados globais de segurança.
Basicamente, “dados não confiáveis”, aqui, implica que nenhuma informação da estrutura compartilhada pode ser confiada, uma vez que, ao serem convertidas em códigos binários, estes sim poderiam ser hackeados. Entretanto, é essa a prática de algumas fornecedoras de fibra óptica que usam esse método de comunicação, devido à necessidade de renovar o sinal a cada 96,5 km, facilitando eventuais interceptações.
“O problema com isso é que, com o atual protocolo BB84 [usado no QKD], se você quiser enviar uma chave de Londres a Nova York, por exemplo, ambos os lados se beneficiam da segurança quântica da transmissão espaço-Terra”, disse Williams. “Mas o satélite, que estaria sobrevoando o Atlântico, estaria armazenando a chave localmente, em um dispositivo de memória comum – e estes podem ser hackeados”.
A solução para isso seria o envio direto entre as partes – Londres e Nova York, no exemplo citado – sem armazenamento. Mas para isso, o satélite precisa “ver”, ao mesmo tempo, o emissor e o recipiente do sinal. Daí a necessidade do posicionamento em órbita, que poderia ampliar a “visão” do satélite. Para facilitar isso, a empresa chegou a desenvolver um protocolo próprio de transmissão – ARC19 -, que permite a distribuição das chaves quânticas de criptografia sem que o satélite armazene a informação consigo.
A missão está prevista para 2023, mas ainda não tem um agendamento definitivo, segundo a empresa.
Com informações Olhar Digital
Fonte: Segurança na Tecnologia