Mais de 4 mil quentinhas são doadas a moradores de rua por aplicativo
Campanha une pessoas que querem doar, pequenos comerciantes locais e apps de entrega para levar refeições a quem vive nas ruas.
Quem deseja doar quentinhas a pessoas que vivem nas ruas do Rio e de Belo Horizonte podem realizar esta ação sem sair de casa por meio da campanha Porto ComVida. O projeto que conecta quem deseja doar, pequenos comerciantes, entregadores de aplicativos e moradores de rua já conseguiu entregar, em um mês, 4.081 refeições desta forma.
Para participar, basta entrar na página do Instagram da Porto ComVida e seguir o passo a passo postado no destaque dos Stories. Todos os dias, o grupo publica em que bairros as ações serão realizadas e a meta de quentinhas a ser alcançada para alimentar a população do local. Na página é possível selecionar um restaurante próximo à ação, assim como fazer o pedido de entrega pelos aplicativos Rappi, James, Ifood ou Uber Eats.
O projeto foi fundado por 14 voluntários que tiveram a ideia de usar o Instagram como forma de divulgar e mobilizar a sociedade para ajudar a população que vive em condição de rua. O plano de montar uma organização comunitária já existia, mas saiu do papel e foi posto em prática com o surgimento da Covid-19.
A pesquisadora Giovanna Cinnachi, uma das fundadoras do projeto, diz que a compra dos pratos em restaurantes próximos ao ponto de entrega beneficia também os pequenos comerciantes locais. Com o isolamento social, a maioria deles está com as portas fechadas e sobrevive da entrega.
Para saber a quem doar os pratos, a campanha fez parcerias com instituições que apoiam populações carentes, explica Giovanna. São elas que indicam onde será o ponto de entrega das refeições doadas: “Essas organizações estão localizadas nos bairros onde são os pontos de entrega das ações, conhecem bem o lugar e escolhem o endereço de entrega, que é postado nos Stories do nosso Instagram. Além disso, elas também mobilizam colaboradores para receber as quentinhas nos pontos de entrega e distribuírem aos moradores de rua.”
Como a população que vive em situação de rua carece de uma alimentação balanceada, a campanha recomenda que as refeições pedidas não sejam pratos exóticos, como comida japonesa, mas sim alimentos como arroz, feijão, legumes e algum tipo de carne. Também sugerem que sejam incluídos uma bebida e guardanapo e, se possível, uma gorjeta ao entregador para estimular o trabalho.
A campanha procura realizar ações nas periferias por serem áreas com menos recursos para apoiar os moradores de rua que vivem no entorno de comunidades. “Nós priorizamos os grupos que se dispõem a montar os pontos de entrega em bairros mais carentes. Sabemos que a maioria dos projetos sociais atuam nas regiões centro e sul da cidade e falta visibilidade nos lugares mais carentes, justamente onde são menores os recursos para apoiar os moradores de rua”, diz Giovanna.
Para Giovanna, uma parte bacana do projeto é que o doador pode estar em qualquer cidade do Brasil e fazer a entrega no Rio de Janeiro ou em Belo Horizonte. Ela disse não imaginar que a campanha cresceria tão rápido e que tantas pessoas se interessariam em participar. Segundo a pesquisadora, o projeto pretende incluir a doação de itens de higiene pessoal.
Fonte: Rio de Boas Notícias