A maquiagem e a autoestima
Na sociedade contemporânea o rosto é considerado a parte principal de nossa identidade e diversas práticas que visam sua melhoria, como o uso de maquiagem, se renovam dia a dia. Vários estudos demonstraram que a beleza facial tem um impacto considerável sobre a percepção e a autoestima de cada indivíduo.
Contudo, é muito importante entender como essa prática chegou ao século XXI se renovando constantemente.
Os primeiros registros de uso de maquiagem datam de 3.000 a.C., quando os antigos egípcios usavam fuligem e outros produtos naturais para melhorar sua própria imagem.
No Império Romano era comum a utilização do pó de trigo ou de arroz, numa camada de azeite ou gordura animal, para manter a pele bonita.
Registros também indicam que os neandertais usavam pigmentos de tinta colorida 75.000 anos atrás, sugerindo que a pintura corporal pode ter surgido antes das roupas. Essa tendência é observada, ainda hoje, em diversas tribos indígenas por muitos lugares do planeta.
Para entender melhor essa questão, a pergunta que devemos fazer é: por que temos esse comportamento de auto embelezamento?
A resposta mais óbvia provavelmente é: “Para ficarmos bonitos”, certo?
Ainda que isso seja verdade, nossos comportamentos atuais devem ser sempre analisados por uma perspectiva evolutiva, ou seja, qual a função da pintura do rosto e da pele para os nossos ancestrais?
Esta pergunta é uma ótima pista!
Por exemplo, no reino animal, a juventude é observada através de sinais físicos. Quando o pavão macho exibe suas penas, as fêmeas observam esse recurso para perceber se esses parceiros são boas escolhas para a reprodução de crias saudáveis.
No entanto, para nós humanos, embora esses sinais existam, eles não são tão óbvios. Por isso, desde o inicio da civilização, além do uso de roupas do cuidado com os cabelos, é comum que as pessoas façam uso da boa e velha maquiagem. É ela que ajuda a melhorar os sinais da juventude e realçam a beleza, tornando a mulher mais atraente aos olhos do outro.
Contudo, muito além da melhora das funções biológicas na prática do autocuidado, a maquiagem também ajuda na melhora da autoestima e do autoconceito das pessoas, afinal, por trás de cada contorno, existe uma história e por trás de cada tom de batom, um sentimento diferente.
Que mulher, cis ou trans, nunca acordou, se olhou no espelho e não gostou nada do próprio reflexo? É normal que toda mulher se ache “feia” um dia ou outro. E é ainda mais comum que outras mulheres tenham essa visão constante pelo fato de a autoestima estar rebaixada.
São nessas horas que a maquiagem faz a diferença e pode deixar a autoestima lá em cima. Uma boa maquiagem pode fazer transformações internas e externas, deixando as mulheres bonitas por fora e confiantes por dentro.
Maquiagem x Inclusão.
A inclusão é uma das responsabilidades sociais mais importantes representadas pela maquiagem. A noção de que a maquiagem está associada apenas à beleza e a estética não existe mais. Podemos ver isso no processo de empoderamento e inclusão das mulheres.
Por exemplo, meninas que tem pele oleosa e sofrem com acne durante a adolescência encontram na maquiagem uma solução para reduzir os impactos desses problemas na pele, melhorando sua autoaceitação e reduzindo a exposição e as críticas sobre sua aparência.
Podemos citar também todo espaço conquistado na sociedade pela representatividade das mulheres pretas através da luta por igualdade que se acentuou com as redes sociais. Nos últimos anos, graças à expansão da internet, muitas vozes começaram a ser ouvidas e a indústria da beleza teve que se adaptar e criar produtos específicos para incluir quem antes não era prioridade desse mercado. Isso proporcionou um aumento do consumo e a democratização do direito ao bem-estar físico e psicológico que a maquiagem e outros cosméticos proporcionam.
Uma das razões que fazem a maquiagem elevar a autoestima das mulheres é sua capacidade de expressar a personalidade. Quando uma mulher consegue expressar sua persona verdadeira, ela passa a se mostrar ao mundo de uma forma mais confiante.
Maquiagem x personalidade.
Cada estilo de maquiagem revela uma personalidade, por exemplo, um batom vermelho está dando o recado que você é uma pessoa mais ousada, de personalidade mais forte. Enquanto um batom nude revela que você se coloca no mundo de uma maneira mais neutra, mas igualmente importante.
Quando uma mulher utiliza maquiagem, um dos motivos que a fazem melhorar sua autoestima é justamente a capacidade de conseguir ser ela mesma. A maquiagem oferece a possibilidade das mulheres se redescobrirem e de adaptarem sua imagem de acordo com a mensagem que ela queira passar em um determinado momento.
Maquiagem x autoestima
Por fim, acordar com olheiras ou acne não é mais o fim do mundo. Quanto mais as mulheres souberem sobre produtos, técnicas e métodos de maquiagem, mais seguras estarão em qualquer situação.
Certamente, a maquiagem tem uma capacidade única, ela transforma tanto parte física, como também gera uma grande transformação psicológica, melhorando a autoestima, autoconceito e autoconfiança.
Suas características te fazem bonita por ser quem é.
Embora a maquiagem seja uma excelente ferramenta de transformação, cada um de nós tem sua beleza do jeito que somos: com a pele seca, oleosa, com rugas, cicatrizes, manchas e tudo mais.
É claro que a maquiagem sempre nos permite olhar no espelho e destacar nossas melhores características e disfarçar as que não atraem nossa atenção.
No entanto, a beleza vem de dentro, e é isso que realmente importa e faz com que você deixe sua marca no mundo. Portanto, ao se deparar com o espelho, se olhe com carinho e valorize o que você vê no seu reflexo. Use a maquiagem para te ajudar a ser quem você é e não para esconder sua identidade.
E você, acha que precisa usar maquiagem todos os dias, em todos os ambientes? Ainda fica insegura mesmo usando maquiagem com frequência? Se sua resposta foi sim, considere procurar ajuda profissional.
Fonte: Psicologo Paulo Alencar