Gêmeas criam projeto de leitura para combater violência em favela
As gêmeas Helena e Eduarda Ferreira, de 11 anos, nasceram no Morro da Providência, a primeira favela do Brasil, fundada em 1897, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 2015, a dupla criou o projeto Pretinhas Leitoras, que buscar incentivar a leitura entre as crianças da comunidade e seu entorno. Os livros são uma alternativa à realidade de violência da capital fluminense.
“A gente morava em uma região que tinha muito tiroteio e por isso tínhamos que ficar dentro de casa”, explica Helena. “Primeiro pensamos em fazer algo diferente, um canal. Mas quando pesquisávamos crianças se divertindo, só encontrávamos imagens delas jogando jogos. Pensávamos como podiam se divertir só na frente do computador.”
Incentivo à leitura
No ano passado, veio o canal do YouTube, e o primeiro vídeo saiu no Dia das Crianças. Nele, as meninas compartilham aquilo que mais amam fazer: ler.
Além dos vídeos, Helena e Eduarda compartilham o prazer da leitura com outras crianças em encontros mensais, onde realizam debates e discussões que têm a ver com as angústias vividas no dia a dia, como o racismo nas escolas.
“Antigamente a gente não se aceitava como era por causa do nosso cabelo e nossa cor”, diz Eduarda, que possui em casa livros como Solta os cabelos, Maria, Meu crespo é de rainha e Amoras. Duda sonha fazer doutorado em literatura negra. Para ela, os livros são uma forma de “incentivar pessoas negras a se amarem através de outras histórias”.
Já Helena deseja se tornar professora para “contar a história do nosso povo”. Ela quer possibilitar uma vida diferente para as crianças da favela. “Quero que elas tenham sonhos que possam realizar, que acessem a biblioteca e que tenham um lugar que possam se sentir seguras, sem tiroteio e violências.”
fonte: Razões para Acreditar