Idosas se unem na internet para ofertar seus saberes
De culinária a marcenaria, plataforma “Aprenda com uma avó” reúne mulheres com mais de 60 anos que desejam ensinar uma técnica manual – ou, quem sabe, até oferecer seus produtos e serviços.
A imagem da vovozinha de cabelo branco, em casa, fazendo seu tricô como passatempo já virou passado. Aliás, ela pode sim ser grisalha e tricotar, mas agora usa a internet para encontrar alunos e ensinar suas tradicionais habilidades. É esta a proposta da plataforma “Aprenda com uma avó” (www.aprendacomumaavo.com.br), que será lançada no dia 11 de dezembro.
A plataforma reúne pessoas com mais de 60 anos, que dominem alguma técnica manual ou tenham algum conhecimento a ofertar. Ela será inaugurada com cerca de 30 perfis, majoritariamente femininos, de idosos de diversas classes sociais e habitantes de todas as regiões do Rio: do Leblon à Maré.
No site haverá um campo para que mais avós interessadas em fazer parte desta rede preencham seus perfis e ofertem seus saberes: artesanato, eletrônica, marcenaria, culinária, estamparia, costura, bordado, design, entre outros.
A ideia inicial é se expandir por todo o Rio para promover a troca de conhecimentos e ampliar o diálogo entre as gerações. “Queremos permitir que alguém se depare com um bordadeira legal no seu bairro ou descubra o quanto aquela senhorinha na esquina da sua casa guarda um saber enorme”, explica Gabriela Agustini, fundadora do Olabi, organização social que criou a plataforma.
O site irá apresentar os perfis e expor as habilidades que os idosos têm a oferecer. “Vamos estimular pessoas diferentes a dialogarem entre si e a realizarem trocas de saberes”, diz Gabriela.
A princípio, a plataforma incentiva o compartilhamento de conhecimentos, mas nada impede que os idosos ofereçam seus produtos ou serviços, já que estas informações podem constar na descrição dos perfis.
O site irá colocar pessoas em contato, mas não terá o papel de fazer a intermediação: “Iremos estimular trocas que façam sentido para elas: se gratuito ou remunerado vão decidir por conta própria”, diz Gabriela, lembrando que a ferramenta ainda é um protótipo e nunca se pode prever as apropriações que farão mais sucesso.
Liz Boggiss, moradora de Copacabana, já está inscrita e espera usar todas estas possibilidades permitidas pela plataforma: “Estou com 65 anos e tive grandes mestres na vida. Quero partilhar isso com alguém”, conta a jornalista aposentada que mergulhou no mundo da aromaterapia e costuma dar aulas e workshops sobre o tema.
“Para grupos de baixa renda, penso em dar cursos como voluntária. Mas posso encontrar alunos interessados em pagar por aulas ou oferecer um serviço, como Reiki ou Shiatsu”, diz Liz. Com técnicas da aromaterapia, ela também produz diversos produtos ligados à cosmética ou à saúde, como xampus para queda de cabelo, sprays afrodisíacos e repelentes.
Quem fizer um primeiro contato com Liz, estimulado por conhecer a aromaterapia, poderá descobrir em uma boa conversa a história fascinante desta jornalista que cobria esportes radicais e que já viajou o mundo de mochilão depois dos 60 anos.
Esta é outra meta da plataforma: permitir que os idosos contem suas histórias e mudem o olhar da sociedade sobre eles. E você sabe quantos idosos vivem só aqui no Rio? De acordo com o último censo, realizado pelo IBGE, 14,9% da população carioca tinha mais de 60 anos em 2010. Com a projeção para 2019, o Rio tem hoje mais de um milhão de idosos.
Fonte: Rio de Boas Notícias