Isolamento social: adolescentes aproveitam tempo livre para desenvolver novas habilidades
O período de quarentena tem exigido equilíbrio emocional de todos. No entanto, crianças e adolescentes, que naturalmente dispõe de muita energia para gastar, nem sempre conseguem se adaptar ao isolamento social. São nessas horas que é possível utilizar o tempo livre para desenvolver novos aprendizados e aperfeiçoar habilidades.
Aos 15 anos, a vida agitada do estudante Erick Teixeira mudou radicalmente. Antes da pandemia, ele fazia curso de inglês, preparatório para o Enem, escola, atividades físicas, aulas de violão, além dos encontros com os amigos.
“Fiquei meio ansioso, com muito estresse, porque não estava convivendo com o pessoal que eu conhecia e que eu era acostumado a conviver todo dia, ver todo dia, conversar. E, de repente, a gente não estava mais se vendo pessoalmente”, contou o estudante.
Com o apoio da família, o adolescente transformou a ansiedade em disciplina. O tempo livre o levou a praticar mais o violão e a compartilhar o talento musical com amigos e parentes. “Eu estou fazendo live toda noite e aí os amigos que vêm ver conversam pelo chat. Então eu vejo lá o que eles estão falando e respondo. E também tem outros que vêm jogar comigo”, contou.
Já o também estudante Ângelo Teixeira, de 12 anos, irmão de Erick, resolveu acabar com o tédio desenvolvendo a habilidade culinária. “Eu já fazia antes, só que na quarentena eu comecei a fazer mais ainda. Antes eu não tinha tanto tempo, porque eu tinha dever de casa, escola”, destacou.
A mãe dos garotos, a autônoma Patriana Teixeira, disse que essa harmonia familiar não surgiu de uma hora para outra. Segundo ela, no começo foi bem difícil lidar com tanta energia acumulada. “A gente teve, na verdade, que se reinventar. Agora a gente acha que está sendo muito bom, a gente está mais reunido como família, a gente inventa brincadeiras juntos”, disse.
Outra mãe que se viu em apuros com dois filhos dentro de casa na quarentena foi a médica veterinária Adrienne Lanis. Ela conta que foi preciso muito jogo de cintura para superar as dificuldades.
“É difícil adaptar as crianças a essa rotina de ficar dentro de casa o tempo todo, sem convívio com outros amiguinhos, se readaptar a essa vida escolar totalmente diferente. Por outro lado, acaba que a gente tem que flexibilizar mais essa questão de acesso a eletrônicos, computadores, jogos. Então acaba que eles ficam bem mais tempo nisso aí”, frisou.
A psicopedagoga, Cheila Mussi, afirma que existem dois fatores fundamentais que influenciam a reação das crianças e adolescente às limitações impostas pela quarentena: a personalidade de cada indivíduo e a forma como mães, pais e responsáveis lidam com a garotada.
“A primeira coisa é entender que o comportamento diferenciado pode existir. O segundo ponto é favorecer outras atividades dentro do espaço. Atividades possíveis, situações possíveis, em que a criança também possa exercer a sua criatividade, o seu potencial, a sua forma de ser, de conversar. Então é preciso haver diálogo, é preciso haver conversa e é preciso haver interação entre os membros daquela família”, destacou.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.
Fonte: Folha Vitória