Nobel de Química 2020 vai para as criadoras da edição do genoma
A francesa Emmanuelle Charpentier e a norte-americana Jennifer Doudna ganharam o prêmio Nobel de Química 2020 “pelo desenvolvimento de um método para a edição genômica”, anunciou a Real Academia de Ciências da Suécia nesta quarta-feira.
As duas pesquisadoras dividem o prêmio por desenvolverem a técnica de edição genética CRISPR/Cas9, que funciona como uma espécie de tesoura molecular que permite editar o código genético de qualquer animal, planta ou micróbio. Essa tecnologia considerada revolucionária para as ciências biológicas está contribuindo para o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer e pode tornar realidade a cura de muitas doenças hereditárias de origem genética, conforme destacou a Academia.
A importância da técnica é difícil de exagerar, pois pela primeira vez dá aos humanos a capacidade de modificar sua própria genética, o futuro não só de um indivíduo, mas de todos os seus descendentes. Por isso, o CRISPR/Cas9 é uma tecnologia que despertou questionamentos muito importantes e também polêmicas, como a inédita alteração de embriões humanos, em um experimento enlouquecido do cientista chinês Hei-Jiankui ao editar o genoma de dois bebês .
O prêmio deixa de fora outros cientistas que contribuíram para descobrir o CRISPR, que é o sistema imunológico que muitos micróbios utilizam para identificar os vírus e cortá-los em pedaços usando tesouras moleculares feitas de proteínas Cas. Entre eles se destaca o espanhol Francis Mojica, que em 1992 estudou o CRISPR em micróbios isolados nas salinas de Santa Pola e inclusive lhes deu o nome.
É a primeira vez na história do Nobel de Química, criado em 1901, que duas mulheres o compartilham. Até agora só cinco delas haviam recebido o Nobel de Química, frente a 183 homens: Marie Curie (1911), sua filha Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), Ada Yonath (2009) e Frances Arnold (2018).
Este é o terceiro Nobel anunciado na edição de 2020, após os de Medicina e Física. O prêmio de Química do ano passado foi para um trio: o norte-americano John Goodenough, o britânico Stanley Whittingham e o japonês Akira Yoshino, pela invenção das baterias de íons de lítio, presentes em muitas tecnologias.
Fonte: El País